Vamos falar um pouco de temas sérios, “pesados”, da sociologia, e que flerta também com a ciência econômica. Vamos falar do que significa a atual crise econômica para o mundo. Há muitos significados envolvidos nestes acontecimentos do cotidiano econômico: seja a crise do setor imobiliário dos Estados Unidos da América, de onde tudo originou; seja a propagandeada “blindagem” da economia brasileira que, neste momento, estaria preparada como nunca para enfrentar esta crise; seja as saídas paliativas que os governos dos principais pólos econômicos mundiais (Estados Unidos, Europa e Japão) tem assumido para reverter esta situação de desequilíbrio. Este último caso é o que mais me importa discutir com vocês, caríssimos leitores.
Após este movimento de “zigue-zague” das cotações nas bolsas de valores passar, uma coisa será definitiva: a maior parte dos bancos mundiais estarão nas mãos dos governos de cada país. E isto sinaliza um novo tipo de capitalismo, com características únicas, e que para alguns sociólogos como Immanuel Wallerstein, não tem mais a essência central do modo de produção capitalista. Assim, estaríamos diante de uma transformação social e econômica que não é mais capitalista. Uma outra ordem estaria surgindo. (Veja aqui a entrevista de Immanuel Wallerstein).
O que isso representa? Na expressão mais direta e popular: uma bela de uma rasteira no liberalismo econômico. A tradição de não-intervencionismo estatal na economia – muito mais apregoada nos Estados Unidos do que na Europa – foi por água abaixo, e em termos teóricos, isso mostra a fraqueza e definhamento da “era neo-liberal”. A maior parte dos bancos privados estão sendo estatizados, ou seja, o movimento de valorização e especulação financeira a partir de então estará sob o jugo dos Estados e não mais dos respectivos banqueiros. Alguma mudança nisso tudo?
Para nós que pertencemos a “geração da crise”, isto é, nascemos e vivenciamos o grande período de estagnação dos anos 80 e 90, uma lembrança fica disso tudo: a lembrança de um pequeno e próspero momento de estabilidade, expansão do consumo, dos mercados e da economia em geral, queda das taxas de desemprego, etc. Neste ínterim de prosperidade o Brasil tornou-se - através de uma mágica numérica - um país de "classe média". Estávamos orgulhosos de nossa pujança econômica, da sensação de que o esforço da crise valera à pena! Mas o banquete estava ficando farto demais. A prosperidade durou muito pouco, talvez um ou dois anos, e acho que está chegando ao fim. Novamente retornaremos aos pífios índices de crescimentos anuais; as notícias de que amigos ou conhecidos estão desempregados ou subempregados há tantos anos...; novamente o alarmado “mercado popular ou de classe baixa”, vai voltar a obscuridade e ninguém mais vai dar bola para o consumo dos pobres...
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