O suicídio anômico era a novidade do século XIX. Suicidava-se por não ajustar-se as novas determinações da vida moderna, ao seu moralismo individualista. No século XIX Durkheim tratava o suicídio altruísta (aquele que o indivíduo suicida-se por considerar que a existência de sua comunidade, de seu povo, vale mais que a sua própria vida) como algo pertencente as sociedades tradicionais, unidas por solidariedade mecânica. Mas eis que nos dias atuais os homens-bombas começam a pipocar pelos Estados Unidos (Continente Americano), Europa (Espanha, Londres, França), Ásia (Índia, Paquistão e Países do Oriente Médio), África (Tunísia, Marrocos, Egito), e Oceania (Indonésia). E tornam-se também um fenômeno contemporâneo, contudo com certos "marcadores" que no século XIX não possuíam: para além de um suícídio altruísta, ser também um suicídio étnico e sobretudo motivado pela religião, com um inimigo declarado, ou seja, países imperialistas do ocidente e seus aliados no oriente.
Se Durkheim dizia ser o suicídio anômico o mais típico daquele período (final do século XIX), dificilmente poderia imaginar o retorno do suicídio altruísta quase cem anos depois. Disso tudo boas reflexões podem ser sugeridas, e todas elas deverão reconhecer o fato de que o MUNDO É MAIS TRADICIONAL DO QUE PENSAMOS. Daí nós, Sociólogos, ficarmos atentos as investidas da IDEOLOGIA DA PÓS-MODERNIDADE, presente na própria ciência. Uma boa saída é considerar que a modernidade sequer atingiu seu ápice, para afirmar que já a superamos, em uma nova fase, a da PÓS-MODERNIDADE. Segundo o sociólogo Antony Giddens, em seu livro As consequências da modernidade, ainda vivemos em uma fase não concluída da modernidade, que ele chama de ALTA-MODERNIDADE, e que ainda tem muito chão para afirmar a sua superação. Na ALTA MODERNIDADE os últimos grilhões das sociedades tradicionais, justamente aqueles mais radicais (por estar impregnado na raíz das comunidades tradicionais) são confrontados, e as "explosões" de violência que aparecem nos noticiários é consequência da energia que é liberada pelos vínculos comunitários tradicionais mais resistentes a moralidade individualista moderna.
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