terça-feira, 28 de outubro de 2008

O SUICÍDIO e o SUICIDA


O suicídio anômico era a novidade do século XIX. Suicidava-se por não ajustar-se as novas determinações da vida moderna, ao seu moralismo individualista. No século XIX Durkheim tratava o suicídio altruísta (aquele que o indivíduo suicida-se por considerar que a existência de sua comunidade, de seu povo, vale mais que a sua própria vida) como algo pertencente as sociedades tradicionais, unidas por solidariedade mecânica. Mas eis que nos dias atuais os homens-bombas começam a pipocar pelos Estados Unidos (Continente Americano), Europa (Espanha, Londres, França), Ásia (Índia, Paquistão e Países do Oriente Médio), África (Tunísia, Marrocos, Egito), e Oceania (Indonésia). E tornam-se também um fenômeno contemporâneo, contudo com certos "marcadores" que no século XIX não possuíam: para além de um suícídio altruísta, ser também um suicídio étnico e sobretudo motivado pela religião, com um inimigo declarado, ou seja, países imperialistas do ocidente e seus aliados no oriente.
Se Durkheim dizia ser o suicídio anômico o mais típico daquele período (final do século XIX), dificilmente poderia imaginar o retorno do suicídio altruísta quase cem anos depois. Disso tudo boas reflexões podem ser sugeridas, e todas elas deverão reconhecer o fato de que o MUNDO É MAIS TRADICIONAL DO QUE PENSAMOS. Daí nós, Sociólogos, ficarmos atentos as investidas da IDEOLOGIA DA PÓS-MODERNIDADE, presente na própria ciência. Uma boa saída é considerar que a modernidade sequer atingiu seu ápice, para afirmar que já a superamos, em uma nova fase, a da PÓS-MODERNIDADE. Segundo o sociólogo Antony Giddens, em seu livro As consequências da modernidade, ainda vivemos em uma fase não concluída da modernidade, que ele chama de ALTA-MODERNIDADE, e que ainda tem muito chão para afirmar a sua superação. Na ALTA MODERNIDADE os últimos grilhões das sociedades tradicionais, justamente aqueles mais radicais (por estar impregnado na raíz das comunidades tradicionais) são confrontados, e as "explosões" de violência que aparecem nos noticiários é consequência da energia que é liberada pelos vínculos comunitários tradicionais mais resistentes a moralidade individualista moderna.

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RECADO AOS SOCIÓLOGOS ACADÊMICOS

O Brasil tem na universidade o reduto clássico dos Sociólogos. Dificilmente vocês encontrarão sociólogos trabalhando em outros lugares (empresas, escolas, profissional liberal, etc.). Existem várias razões de ser assim: a tradição do conhecimento sociológico que herdamos na universidade tem pouca serventia para outras áreas da vida. Nos Estados Unidos por exemplo, sabemos que os sociólogos são considerados os mais experts em estatística, pesquisa quantitativa, SPSS (software de tabulação e cruzamento de dados). Por isso nos Estados Unidos os Sociólogos conseguem ter muito mais inserção do que aqui no Brasil, onde poucos se dão bem no mundo do trabalho. Eu, por exemplo, tenho que ensinar geografia para ser sociólogo! Isso é um grande contrasenso. Bom seria ensinar sociologia. Mas ainda não chegou a hora. Enfim! Quero dizer para meus amigos sociólogos que vocês não encontrarão nada no formato padrão, tal qual estamos acostumados a ler. Aqui não existem citações da ABNT, não existem citações literais de livros da literatura sociológica, não existem biografias de autores clássicos e contemporâneos. Se eu considerasse tudo isso, o "povo" que quer conhecer o "mundo" pela sociologia sequer se aproximaria das minhas letras. Daí que optei pela linguagem simples e próxima do dia-a-dia de todos. Posso estar cometendo pecados, sacrilégios, enfim. Mas o que me importa é transmitir a idéia de que a sociologia - antes de qualquer definição - é um MOVIMENTO DO PENSAMENTO, em que partimos das situações aparentemente banais da vida ordinária e cotidiana, para elevar a reflexão a um outro plano de compreensão, mas abstrato, amplo e extraordinário. Isso é a tal da IMAGINAÇÃO SOCIOLÓGICA, e que todos podemos exercitar. CERTO? Grande abraço à todos.

Olá, muito prazer!

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Sociólogo apaixonado pela vida, pelo convívio e pela imaginação.